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É Desporto

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19 de Março, 2020

Micheline Ostermeyer. A pianista que lançava discos… para longe

Especial Jogos Olímpicos (Londres-1948)

Rui Pedro Silva

Micheline Ostermeyer

Aprendeu a tocar piano aos quatro anos e tornou-se uma artista conceituada no círculo das famílias francesas aristocratas e da alta burguesia. Enquanto vivia na Tunísia, durante a II Guerra Mundial, começou a praticar desporto e abriu caminho para fazer história nos Jogos Olímpicos de Londres, em 1948.

Há quem diga que o sonho de um músico é lançar um disco. A pianista Micheline Ostermeyer parece ter levado a expressão demasiado à letra nos Jogos Olímpicos em 1948 e saiu de Londres com três medalhas no atletismo: bronze no salto em altura, e ouro nos lançamentos do peso e do… disco.

Era da família de Victor Hugo e sempre se tratou bem. Tinha acesso a todas as mordomias e, por vontade da mãe, começou a tocar piano com quatro anos. Era um pequeno prodígio e não demorou muito até estudar no Conservatório de Paris. Nascida em 1922, viu a vida afetada pela II Guerra Mundial e foi obrigada a regressar à Tunísia, onde tinha vivido os primeiros anos, para ficar longe do conflito.

Foi neste regresso que se cruzou com o desporto. Não praticava durante muito tempo mas fez um pouco de tudo. E, em 1948, quando os Jogos Olímpicos voltaram a ser realizados, já era uma figura com algumas credenciais, tanto nos campeonatos nacionais como nos Europeus.

O desempenho de Ostermeyer em Londres foi magnifico e tornou-se a primeira francesa a ganhar três medalhas numa edição. No salto em altura, conquistou a medalha de bronze com um salto de 1,61 metros; no lançamento do peso fez quase mais meio metro do que a concorrência, com 13,14 metros; finalmente, no disco, numa disciplina praticamente nova para ela, chegou ao lugar mais alto do pódio com uma marca de 41,92 metros.

Ostermeyer nunca fugiu ao seu papel e misturava na perfeição a graciosidade ao piano com a força, potência e gestos técnicos nos lançamentos. No dia do triunfo do lançamento do peso, por exemplo, acabou a noite a tocar Beethoven para os seus colegas, e ainda atuou no Royal Albert Hall.

Londres-1948 foi a única participação olímpica de Micheline. A carreira desportiva terminou nos Europeus de 1950, onde mostrou que também era capaz de atingir o pódio nos 80 metros barreiras (bronze), mas a de pianista prolongou-se nos anos, tocando alguns dos principais nomes da música clássica.