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É Desporto

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13 de Fevereiro, 2020

Duke Kahanamoku. A faceta olímpica do pai do surf

Especial Jogos Olímpicos (Antuérpia-1920)

Rui Pedro Silva

Duke estava sempre perto de uma prancha

Foi uma das figuras dos Estados Unidos nos Jogos Olímpicos de Antuérpia, em 1920, e conquistou duas medalhas de ouro na natação. Esteve perto, muito perto, de se tornar o primeiro homem a nadar os 100 metros em menos de um minuto e, finda a carreira olímpica, celebrizou-se como o pai de uma nova modalidade.

Quando o havaiano Duke Kahanamoku chegou à Bélgica em 1920, a vida olímpica não era novidade para ele. Campeão olímpico dos 100 metros em 1912, detinha o recorde mundial da distância desde esse ano. Era uma das figuras mais fortes no panorama da natação, naquela que era uma extensão natural da forma como tinha crescido.

Duke era aquilo que se começou a chamar de «beach boy». Nasceu em Honolulu e passou toda a infância e adolescência nas areias da zona de Waikiki. Nadava – muito – e andava sempre acompanhado de uma prancha. De certa forma, foram atividades premonitórias.

A edição belga dos Jogos Olímpicos foi aquela em que Duke mais se celebrizou, com a conquista de duas medalhas de ouro no mesmo dia. A final dos 100 metros foi um passeio no «parque». Entrou como principal favorito, detentor do recorde olímpico (1:02.4 em 1912) e mundial (1:01.4), e começou por bater o primeiro logo na série inaugural dos quartos de final. Na meia-final, como aviso, fez ainda melhor e igualou o recorde olímpico ao mundial.

No verdadeiro tira-teimas, foi preciso nadar os 100 metros duas vezes, depois de o australiano William Herald ter protestado que o norte-americano Norman Ross o tinha prejudicado. Na primeira versão, Duke esteve pertíssimo de se tornar o primeiro homem a baixar do minuto na distância, registando um tempo de 1:00.4. No segundo take, provocado por Herald, a ordem do pódio não se alterou, e o havaiano confirmou o título olímpico com uma marca de 1:01.4.

A segunda medalha de ouro foi muito mais fácil de ganhar, na estafeta dos 4x100 metros livres. Fazendo equipa com o também havaiano Pua Kealoha – prata nos 100 metros -, Perry McGillivray e Norman Ross, Duke contribuiu para um recorde mundial da disciplina (10:04.4) com 21 segundos de vantagem sobre os australianos.

Duke Kahanamoku voltou a aparecer na edição de Paris, em 1924, mas não conseguiu ser tricampeão olímpico dos 100 metros, perdendo a final para o… «Tarzan» Johnny Weissmuller. Com o desporto de alta competição descartado, partiu em digressão mundial para dar lições de natação. Pelo meio – e esta acabou por ser a parte mais importante -, introduziu a paixão pela prancha, ensinando as raízes do surf um pouco por todo mundo, ganhando expressão significativa sobretudo na Austrália.

A importância da prancha na sua vida – e na dos outros – foi tão grande que em 1925 salvou oito homens de um naufrágio na Califórnia graças a esse trunfo. «Foi o salvamento numa prancha mais sobrehumano que o mundo já viu», comentou o chefe da polícia local, referindo-se à quantidade de viagens que Duke fez entre o local do naufrágio e a costa.