O primeiro e único jogo da seleção feminina da RDA
«Vai ser tão bom, não foi?» é uma frase que encaixa que nem uma luva na história da seleção feminina de futebol da República Democrática da Alemanha. Criada já depois da queda do Muro de Berlim, só teve oportunidade para fazer um jogo internacional, perdido para a Checoslováquia (0-3).
O desporto feminino sempre foi uma das maiores prioridades da República Democrática da Alemanha. Mas as atenções estavam quase sempre viradas para os desportos olímpicos, onde Heike Drechsler era um autêntico diamante. No futebol, porém, quando a Europa começou a acordar para a variante feminina, a RDA acompanhou a tendência e criou uma equipa.
Houve um pequeno senão: o Muro de Berlim já tinha caído e o futuro do país era uma grande incógnita. A 9 de maio de 1990, quando a RDA defrontou a Checoslováquia em Potsdam, não havia forma de saber o que se passaria nos meses seguintes… apesar de não ser totalmente imprevisível. O parlamento votou a unificação das Alemanhas em agosto e a partir de 3 de outubro passou a haver apenas um país.
Aquele jogo de Potsdam, que tanta ansiedade gerou nas jogadoras convocadas, foi o primeiro e único internacional da seleção da RDA. O público, que já nem nos jogos da Oberliga comparecia, não correspondeu e apareceram apenas 800 pessoas para assistir àquele duelo arbitrado por… Klaus Scheurell, um dos assistentes que tinha sido suspenso por um ano na sequência dos favorecimentos ao Dínamo Berlim na final da Taça da RDA em 1985.
Bernd Schröder foi o homem responsável por orientar aquela equipa. «Não sabemos onde estamos internacionalmente, por isso temos de nos apoiar nas nossas capacidades e jogar com garra», comentou, antes de um encontro em que o domínio checoslovaco foi incontrariável.
Ivana Bulikova marcou de penálti na primeira parte e, na segunda, Jana Paolettikova (65’) e Olga Hutterova (71’) fixaram o resultado final. «É uma sensação louca. Este jogo não será esquecido», disse Doreen Meier, uma das jogadoras utilizadas.
Menos satisfeito, Schröder temia o futuro: «O desempenho foi uma grande desilusão, tem um sabor amargo. Espero que esta derrota nos traga mais coisa boas do que más».
A derrota não trouxe coisa alguma. Apenas o fim de um país e, como tal, o desaparecimento precipitado de uma seleção que não chegou a provar nada. Para a história ficam o nome das 14 internacionais pela RDA: Sybille Brüdgam, Katrin Hecker, Heike Hoffmann, Dana Krumbiegel, Sybille Lange, Doreen Meier, Katrin Prühs, Anett Viertel, Petra Weschenfelder, Katrin Baaske, Heike Ulmer, Carmen Weiss, Sabine Berger e Heidi Vater.
Nenhuma delas teve a oportunidade de jogar pela Alemanha depois da unificação. Mas das seis jogadoras convocadas que não foram utilizadas, uma atingiu mesmo esse sonho: Birte Weiss fez... dois jogos.