Fussball-Ostalgie. Será possível sentir falta do que nunca se teve?
Sou de uma geração que nasceu nas entrelinhas: sou velho o suficiente para ainda me lembrar vagamente de competições com a União Soviética, a Jugoslávia, a Checoslováquia e a República Democrática da Alemanha, mas demasiado novo para ter vivido verdadeiramente nesse período.
Tudo não passa de um conjunto de memórias longínquas que depois foram alimentadas progressivamente por histórias, aumentando o mito. A primeira final europeia que me lembro, ainda com seis anos, é precisamente aquela que o Estrela Vermelha venceu. Sei que é difícil explicar a razão deste fascínio com o desporto numa era em que as cortinas geográficas davam outra magia aos jogos, mas acredito que qualquer pessoa da mesma geração entende na perfeição.
Na esfera futebolística, a República Democrática da Alemanha sempre foi o parente pobre da Europa Oriental. O governo nunca viu nesta modalidade a sua grande prioridade – o atletismo e os Jogos Olímpicos encaixavam melhor na afirmação de uma identidade – e a evolução durante os cerca de 40 anos da RDA foi sempre muito pobre. E ao mesmo tempo rica, na quantidade e qualidade de histórias.
Não foi apenas a presença no Mundial-1974 ou a Taça das Taças ganha pelo Magdeburgo no mesmo ano. O futebol da RDA teve momentos insólitos, fugas, pioneiros, espionagem, reviravoltas dramáticas e muito, muito mais.
Hoje, a um mês de se assinalarem os 30 anos da queda do Muro de Berlim, damos oficialmente o pontapé de saída para um novo especial do É Desporto. Nos próximos 30 dias, daremos destaque a 30 histórias diferentes sobre o futebol da RDA. Algumas são conhecidas, outras mais discretas, mas todas ajudam a perceber o ambiente que se viveu durante este período.