Jonah Lomu. A fuga para o estrelato em 1995
Há nomes que conseguem ser maiores do que a modalidade. Michael Jordan é mais do que basquetebol, Tiger Woods é maior que o golfe e Jonah Lomu mostrou desde muito cedo que tinha talento para quebrar as barreiras do râguebi rumo ao estrelato. O cartão de visita foi o Mundial-1995, na África do Sul, quando tinha apenas 20 anos.
Vamos à estatística? Jonah Lomu tinha apenas vinte anos mas foi o jogador mais importante dos All Blacks naquele torneio. O desempenho individual, apesar de não ter sido suficiente para evitar a derrota na final com a África do Sul, ajudou a estabelecer recordes que continuam sem ser batidos 24 anos depois.
Vamos a números? Lomu foi o segundo jogador a marcar sete ensaios na fase final de uma grande competição – superado pelo colega de equipa Marc Ellis, que beneficiou dos seis que fez no triunfo 145-17 contra o Japão. Quando elevou o seu próprio recorde em 1999, para oito, estabeleceu também um novo recorde, de 15 ensaios acumulados em fases finais. O All Black é também o mais jovem jogador de sempre a disputar uma final, com apenas 20 anos e 43 dias, e conseguiu a proeza de marcar quatro ensaios na meia-final contra a Inglaterra.
Quando embalava, era implacável. Semeava o pânico entre a oposição e conseguia, sozinho, dar cabo de toda uma linha defensiva rumo ao ensaio, quase que humilhando quem quer que se atrevesse a colocar-se à sua frente.
Ninguém esperava que Lomu pudesse ter um papel tão relevante no seio dos All Blacks, sobretudo em 1995. À entrada para a fase final tinha apenas duas internacionalizações pela Nova Zelândia e era incerto se teria sequer uma oportunidade para jogar. Até porque tinha chegado ao estágio com excesso de peso e falava-se de poder ser recambiado para a seleção de sevens.
Depois, tudo mudou. Os colegas de equipa foram os primeiros a perceber o diamante que tinham na equipa. «Lembro-me do dia em que fez o primeiro teste pela Nova Zelândia em 1995. Disseram-me que ele era enorme e que conseguia correr os 100 metros muito rápido, mas achei que era apenas mais uma daquelas histórias que se contam», recorda Zinzan Brooke, outro neozelandês.
A qualidade de Jonah Lomu obrigou o selecionador Laurie Mains a alterar o seu plano de jogo: de um estilo mais pragmático e cínico para um expansivo, no qual o jovem podia ter espaço para desequilibrar com a sua passada demolidora. O objetivo era garantir que Lomu recebesse a bola com o maior espaço para correr disponível. Aí, se conseguisse embalar, não haveria antídoto capaz de o travar.
«Nunca tinha havido alguém como Lomu em 1995 e nunca haverá alguém como ele depois. Nenhum outro jogador conseguiu dominar defesas de forma tão esmagadora como ele», afirmou Bob Dwyer, antigo selecionador australiano.
Jonah Lomu tornou-se uma glória imortal. Figura famosa por todo o mundo, passou a beneficiar de contratos chorudos de publicidade e ganhou o carinho de todos os adeptos. Os problemas de saúde, que o obrigaram a fazer um transplante de fígado, precipitaram o declínio de uma carreira que tinha tudo para ser completamente inigualável. Mas quem o viu não esquece: foi o melhor de sempre.