Van der Merwe. O ponto forte do elo mais fraco
Canadá saiu do Mundial-2015 com quatro derrotas mas ponta conseguiu um ensaio em todos os jogos. Proeza é inédita desde que os grupos são compostos por cinco seleções.
O balanço de 2011 foi positivo. Num grupo que também tinha a Nova Zelândia e a França, o Canadá somou uma vitória (25-20, Tonga) e um empate (23-23, Japão). Quatro anos depois, as expetativas eram cautelosas e só o encontro com a Roménia abria hipóteses claras de triunfo. O 15-0 no início da segunda parte fez com que os canadianos acreditassem, mas os Carvalhos reagiram e deram a volta, impulsionados por um ensaio de Mihai Macovei aos 74’ e uma penalidade de Florin Vlaicu aos 78’.
O Canadá foi o elo mais fraco do grupo. Mas contou com um jogador que entrou para a história dos mundiais: Daniel Tailliferrer Hauman van der Merwe, também conhecido por D.T.W. Van der Merwe. O ponta esquerdo não conseguiu garantir nenhuma vitória, mas contribuiu com quatro ensaios: aos 68’ contra a Irlanda (7-50), aos 15’ contra a Itália (18-23), aos 31’ contra a França (18-41) e, finalmente, aos 33’ contra a Roménia (15-17).
Van der Merwe, nascido na África do Sul em 1986 e imigrante no Canadá desde os 17 anos, é o primeiro jogador a marcar pelo menos um ensaio em todos os jogos da fase de grupos desde que o formato atual tem cinco seleções (2003).
Se o interesse for aumentar o campo de análise, os casos continuam a ser raros. De 1987 a 1999 houve oito jogadores que conseguiram um ensaio nos três jogos da fase de grupos, mas só três mantiveram a tendência para o quarto jogo na prova, neste caso já a contar para os quartos-de-final.
E, aí, a companhia de Van der Merwe não podia ser mais elogiosa. Em 1999, o neozelandês Jonah Lomu rubricou o melhor Mundial da carreira e chegou à partida de atribuição do terceiro lugar com ensaios em todos os jogos: dois ao Tonga, um à Inglaterra, dois à Itália, um à Escócia e dois à França. Podia ter sido um campeonato perfeito a nível pessoal, não fosse ter ficado em branco na derradeira partida contra a África do Sul (18-22).
Jonah Lomu foi o segundo All Black a passar por esta experiência. Na edição inaugural, em 1987, o ponta Alan Whetton teve um desempenho muito semelhante, falhando apenas na final contra a França. A grande diferença é que nunca fez mais do que um por encontro e, no final, sempre pôde festejar o título mundial. O terceiro caso é do francês Jean-Baptiste Lafond. Em 1991 chegou aos quartos-de-final com cinco ensaios (Roménia-1, Fiji-3 e Canadá-1) e depois somou mais um na derrota contra a Inglaterra. Tal como Van der Merwe, não teve a oportunidade de disputar um quinto encontro para aumentar o registo.