O dia em que Seve Ballesteros marcou dois golos a Zubizarreta
O tradicional Jogo Contra a Droga teve convidados de luxo: Arantza Sánchez Vicario discursou e Montserrat Caballé deu o pontapé de saída simbólico, mas o momento mais ansiado foi o duelo entre o golfista Seve Ballesteros e o antigo guarda-redes Andoni Zubizarreta.
Camp Nou, 27 de janeiro de 1999. O Barcelona de Guardiola, Luis Enrique e Figo serve de anfitrião para um jogo que faz parte de uma campanha nacional de sensibilização contra a droga. Do outro lado, há uma equipa de estrelas da Liga Espanhola, comandada por José Antonio Camacho e que conta com nomes como Claudio López, Karembeu, Juninho, Makaay, Djalminha e Milosevic.
Com mais de 50 mil pessoas nas bancadas do Camp Nou, o 4-0 a favor dos blaugrana – com destaque para os golos de chapéu dos irmãos Óscar e Roger -, foi relegado para segundo plano. A grande novidade seria outra: Seve Ballesteros, o melhor jogador de golfe da história de Espanha, ia tentar bater Andoni Zubizarreta.
Como? Não, não eram penáltis. Nem sequer remates de fora da área. Bom, as bolas nem sequer seriam de futebol. Posicionado atrás da linha de baliza no topo norte, Ballesteros ia bater nove bolas de golfe para tentar marcar ao histórico guarda-redes do Barcelona na baliza contrária.
O dia do golfista foi uma loucura. Tinha acordado às seis da manhã, disputado 18 buracos num torneio em Valência e aterrara em Barcelona por volta das seis da tarde. Duas horas depois, em Camp Nou, estava pronto para o desafio. Teve tempo para ouvir outro ex-jogador, Steve Archibald, dizer-lhe que tinha apostado dez libras em como marcava pelo menos um golo, e lançou mãos à obra.
Ballesteros começou por usar um ferro nove. Em duas tentativas, permitiu uma defesa e atirou por cima da barra. «Tinha de ir com cuidado porque havia gente atrás da baliza», confessou. Depois, mudou para um ferro três e afinou a pontaria.
Zubizarreta, equipado a rigor com luvas, não voltou a ter hipóteses. As duas bolas que tomaram a direção da baliza só acabaram nas redes. «Só ver a bola já é difícil», confessou o guarda-redes.
«Não é fácil marcar golos neste estádio. E na minha estreia marquei dois a um guarda-redes com a categoria de Zubizarreta», brincou Ballesteros, lembrando que «o mais importante foi a causa: acabar de vez com a praga da droga».