Wendi Henderson. Quem espera sempre alcança… novamente
Estreou-se pela seleção da Nova Zelândia com 16 anos e fez parte da edição inaugural do Mundial da FIFA, em 1991, com 20 anos. O país falhou consecutivos apuramentos e só voltou em 2007, novamente com a goleadora nas eleitas. Nenhuma outra jogadora na história da competição teve de esperar tanto tempo entre participações.
Ninguém sabia o que esperar do Mundial-1991, organizado na China. A FIFA acreditava que havia potencial para crescer e aceitou correr o risco. Com apenas doze seleções, a Nova Zelândia superou a Austrália e surgiu como representante da Oceânia.
Num grupo com China, Noruega e Dinamarca, três seleções com uma aposta contínua no futebol feminino, não tiveram grandes chances. Três derrotas, onze golos sofridos e apenas um marcado, por Kim Nye, na goleada da despedida contra a China (1-4).
Entre as eleitas, porém, havia um destaque. Chamava-se Wendi Judith Henderson, jogava numa equipa chamada Miramar e tinha apenas vinte anos. Era a mais nova da seleção e foi aposta recorrente de Dave Boardman, atuando os 80 minutos dos três encontros (este foi o único Mundial disputado com duas partes de quarenta minutos).
Quando, 16 anos depois, a China voltou a organizar um Mundial, Wendi Henderson estava lá. A curiosidade de voltar a ser no país asiático foi apenas o mote: «Para ser honesta, sinto um pouco déjà-vu de uma forma engraçada. A forma como as coisas estão preparadas são iguais a 1991, deve ser apenas pela forma como os torneios da FIFA são organizados».
Wendi Henderson não foi a única a repetir a presença em 2007 depois de lá estar em 1991. Mas a americana Kristine Lilly, por exemplo, também esteve em 1995, 1999 e 2003. E a brasileira Pretinha tinha estado em 1995 e 1999. E a norueguesa Bente Nordby, apesar de não ter sido utilizada em 1991, também tinha estado em todas as outras competições. Estar em 1991, atravessar um deserto de ausências e regressar 16 anos depois foi um exclusivo de Henderson e mantém-se um recorde até hoje.
Se Henderson era a jogadora mais nova em 1991, assumiu-se, sem grande surpresa, como a mais velha em 2007. «Temos uma equipa muito jovem, não há muita experiência, apesar de muitas jogadoras terem estado no Mundial sub-20 em 2006. Em 1991, muitas de nós tínhamos várias internacionalizações. Éramos mais altas e fortes mas tecnicamente não éramos tão boas como as jovens de hoje em dia», comentou durante a participação.
Os resultados voltaram a ser desanimadores. Num grupo com Brasil, China e Dinamarca, a Nova Zelândia somou três derrotas, sofreu nove golos e ficou em branco. Desta vez, porém, Wendi Henderson não jogou a totalidade dos minutos: foi sempre titular mas saiu ao intervalo do jogo com o Brasil (0-5), aos 64 minutos do encontro com a Dinamarca (0-2) e aos 62 na despedida com a China.
A idade não era, ainda assim, uma preocupação para Henderson. «Sinto-me com uns 23 anos, não me sinto velha. Sou talvez uma das mais imaturas na equipa e a primeira a rir-me quando é caso disso, por isso acho que a diferença geracional não é assim tão grande. E o corpo está a envelhecer bem. Os Jogos Olímpicos estão aí à espreita e nunca se sabe o que nos espera.»
No caso de Wendi Henderson, nada estava à espreita. A neo-zelandesa despediu-se da seleção em 2008 depois de 16 golos em 64 jogos, mas não chegou a ser eleita para disputar a edição dos Jogos Olímpicos na… China. Neste caso específico, houve duas sem três.