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É Desporto

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16 de Maio, 2019

Mundial-2003. Uma fase final de improviso

Rui Pedro Silva

EUA repetiram organização

Organização tinha sido atribuída à China mas uma epidemia de pneumonia atípica obrigou a uma rápida mudança de planos quatro meses antes do arranque da prova. Com a experiência e vastos recursos de 1999, os Estados Unidos acolheram a fase final pela segunda edição consecutiva. Foi uma versão alternativa – com menos pompa e em estádios mais pequenos – que acabou com o inédito título da Alemanha.

 

«Em 1999, a federação norte-americana de futebol e o comité organizador tiveram quatro anos para se prepararem para o evento. Desta vez, tiveram apenas quatro meses. Tendo isto em conta, podemos claramente classificar este Mundial como um enorme sucesso.» A frase é do presidente da FIFA, Sepp Blatter, e espelha as dificuldades sentidas por todos para organizar um torneio em cima do joelho.

 

Quando se comparam os números absolutos de 2003 com os de 1999 é difícil não sentir que foi um fracasso. Os estádios eram mais pequenos, o número de espetadores sofreu uma redução de 50% e a final teve menos de um terço das pessoas nas bancadas. Mas, de facto, as atenuantes têm de entrar na equação.

 

O Mundial em ponto pequeno e improvisado pelos Estados Unidos foi, na verdade, o segundo com maior assistência. Sim, os 679 mil espetadores estiveram longe dos 1,2 milhões de quatro anos antes, mas chegaram para superar os 510 mil da China em 1991 e os 112 mil da Suécia em 1995. Apesar de haver mais jogos em 2003 do que em 1991, a assistência média por jogo também foi superior: 21 mil contra 18 mil.

 

A fase final em 2003 só foi um sucesso devido à dimensão dos Estados Unidos. Organizar um calendário com sentido foi a maior dificuldade, sobretudo porque a maior parte dos estádios utilizados em 1999 estavam sobrecarregados pela MLS, NFL e por jogos de futebol americano universitário. Além do mais, os responsáveis também temiam que a repetição de um evento, tão pouco tempo depois, pudesse não conseguir o mesmo nível de excitação entre os norte-americanos.

 

As dificuldades burocráticas não se ficaram por aí. Em relação a 1999, os Estados Unidos estavam muito mais fechados ao mundo, consequência do 11 de Setembro, e duas árbitras assistentes nigerianos viram o seu pedido de visto ser negado. Apesar de tudo, o presidente do Comité de Futebol Feminino da FIFA, Worawi Makudi, afirmou que «a qualidade do futebol praticado, sobretudo nas memoráveis meias-finais e final, atingiu níveis nunca antes vistos no futebol feminino».

Alemanha conquistou primeiro Mundial

O título sorriu à Alemanha, que se tornou a primeira nação a juntar o título feminino ao masculino, e foi alcançado de forma histórica: Nia Künzer saiu do banco em cima dos 90 minutos e resolveu no prolongamento, com recurso ao golo de ouro, na final contra a Suécia (2-1).

 

Birgit Prinz, que tinha disputado a final de 1995 com 17 anos, foi a grande figura da prova e brilhou com sete golos e cinco assistências. Outra alemã, Bettina Wiegmann também fez história, juntamente com Sun Yen e Mia Hamm, ao marcar em todas as quatro edições do Mundial.

 

«Ainda temos muito para fazer, mas este Mundial prova uma vez mais, e definitivamente, que o futebol feminino está no caminho certo», garantiu Sepp Blatter.

 

Portugal falhou a qualificação para a fase final depois de ter ficado no último lugar do grupo 4 da UEFA, atrás de Alemanha, Inglaterra e Holanda. A seleção nacional somou quatro pontos, fruto de um empate com a Inglaterra e de uma vitória com a Holanda (2-1), sempre em casa.