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É Desporto

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01 de Maio, 2019

Gunn Nyborg. O sinónimo do centenário norueguês

Rui Pedro Silva

Nyborg disputou o Mundial com o número 5

Estávamos a 7 de julho de 1978. A Noruega criara uma seleção de futebol feminino e tinha escolhido a vizinha Suécia para o primiro jogo de sempre. O resultado, uma derrota por 2-1, não foi animador mas percebeu-se que o futuro podia ser especial.

 

Entre as jogadoras, havia uma defesa de 18 anos chamada Gunn Lisbeth Nyborg. Na altura, ainda não o sabia, mas ia tornar-se um sinónimo inflexível do futebol feminino norueguês durante mais de uma década.

 

Treze anos depois, quando a FIFA organizou o seu primeiro Mundial feminino da história, Nyborg tinha 31 anos. Podia dizer-se que estava em final de carreira mas era cada vez mais um pilar da seleção escandinava. No passado, contava já com o título no Mundial não-oficial da China, organizado três anos antes, e com o Europeu-1987. A Noruega era uma potência do futebol feminino na Europa e repetiu a presença nas finais de 1989 e 1991, ambas perdidas.

 

Na China, em 1991, Nyborg permanecia de pedra e cal. Desde aquele dia de 1978, nunca tinha falhado um jogo da Noruega. Um único. Os caprichos do calendário e a capacidade de atingir a final protagonizaram uma coincidência memorável: o 100.º jogo na história da seleção norueguesa foi a final da prova, contra os Estados Unidos. Como consequência, foi também a 100.ª internacionalização de Nyborg.

 

O resultado podia ter sido melhor. Os Estados Unidos venceram 2-1 e, como defesa, Nyborg não conseguiu contribuir para anular a veia goleadora de Michelle Akers. Mas o feito centenário, sobretudo depois de ter sido totalista durante a competição (fez os 80 minutos em todos os cinco jogos e ainda disputou o prolongamento dos quartos-de-final contra a Itália), não foi esquecido pela organização.

Nyborg com a bola da final

Na gala de final da prova, recebeu um prémio especial de João Havelange. Acompanhado de Pelé, o presidente da FIFA entregou a Nyborg a bola utilizada durante a final.

 

Foi um prémio inesperado mas a defesa não estava pronta para deixar os seus créditos por mãos alheias, continuando esta inacreditável série durante mais dez jogos. Em 1994, já depois de terminar a carreira, voltou a ser distinguida pela FIFA com a Ordem de Mérito.

 

Naquele dia, naquele momento, não podia ter escolhido melhor companhia. Entre os distinguidos havia também Eusébio, Di Stéfano, Just Fontaine e Ferenc Puskas. Só os melhores e os mais importantes… como Gunn Lisbeth Nyborg.