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É Desporto

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06 de Abril, 2019

F1 400. A única vez em que Lauda ganhou em casa

Rui Pedro Silva

McLaren de Niki Lauda

Niki Lauda não é apenas o melhor piloto austríaco na história da Fórmula 1, é também um dos melhores de sempre. O Grande Prémio do seu país teve sempre um significado muito especial – foi lá que se estreou em 1971 – mas só em 1984 é que conseguiu vencer ali, pela primeira e única vez. Foi a 400.ª corrida na história do Mundial de Pilotos.

 

Ninguém esquece a estreia na Fórmula 1 mas Niki Lauda, ao volante de um March-Ford, não teve grandes razões para sorrir a 15 de agosto de 1971. Depois de fazer o penúltimo tempo da qualificação, a mais de seis segundos da pole position de Jo Siffert e a mais de dois segundos do antepenúltimo classificado, a espiral de problemas sucedeu-se e foi obrigado a desistir depois de cumprir 20 das 54 voltas ao circuito de Spielberg.

 

O talento de acabaria por falar mais alto com o passar dos anos – a passagem para carros mais fiáveis e competitivos também ajudou -, mas o Grande Prémio da Áustria manteve-se como uma pedra no sapato do piloto. Em 1972 foi décimo e no ano seguinte nem sequer chegou a participar. Com a passagem para a Ferrari, em 1974, a ambição tinha outros argumentos e a obsessão só aumentou: na estreia desistiu, em 1975 foi sexto e pontuou pela primeira vez e no ano seguinte nem sequer foi para a pista, depois de ter escapado à morte no Grande Prémio da Alemanha, duas semanas antes.

 

O segundo lugar na época de despedida da Ferrari, em 1977, depois de ter saído da pole position, foi só mais um capítulo no desespero do próprio e dos adeptos austríacos. Por esta altura, Niki Lauda caminhava para o bicampeonato mundial mas ainda não conseguira triunfar dentro de portas.

 

Foi preciso esperar até 1984, o ano do terceiro e último título mundial da carreira, para assistir à tão ansiada vitória. E fê-lo com pompa e circunstância, na 400.ª corrida na história do Mundial de Pilotos da Fórmula 1.

 

Ao contrário de 1977, Lauda não foi o melhor da qualificação. Não foi além do quarto tempo, atrás de Nelson Piquet, Alain Prost e Elio de Angelis, e durante a corrida teve de esperar 40 voltas para saltar finalmente para o primeiro lugar.

 

Numa corrida em que três pilotos que hoje são campeões mundiais desistiram (Prost, Senna e Rosberg), Niki Lauda cruzou a meta na primeira posição para gáudio dos milhares de austríacos nas bancadas. Nelson Piquet, Michele Alboreto e Teo Fabi foram os únicos a terminar na mesma volta do vencedor.

 

O Grande Prémio ficou marcado pela confusão na partida, com as luzes a fazerem uma combinação de discoteca que confundiu os pilotos e obrigou a uma segunda largada, e pela estreia de um novo piloto austríaco: Gerhard Berger. Ao contrário de Lauda, nunca chegou a ser campeão mas terminou a carreira com dez triunfos.

 

O hiato do Grande Prémio da Áustria no final da década de 80 e mais de metade da de 90 impediu-o de ter uma verdadeira oportunidade de se tornar o segundo piloto austríaco a vencer em casa. Em cinco participações, nunca conseguiu pontuar e não foi além de um sétimo lugar (1986).

 

O triunfo na Áustria aumentou a vantagem de Niki Lauda no campeonato, numa época em que a diferença final para Alain Prost foi apenas de meio ponto. Para a classificação contavam apenas os 11 melhores resultados das 16 corridas, mas o austríaco desistiu em seis delas. Logo, os nove pontos alcançados a correr em casa foram absolutamente essenciais para escrever o último grande capítulo de memórias enquanto piloto. Por outro lado, a despedida da Fórmula 1 só chegou na época seguinte, em 1985, e, tal como em 1971, não chegou ao fim. Foi o fechar de um ciclo inglório.