Rob Gronkowski. A despedida do bom malandro
Chegou à NFL em 2010 e rapidamente se tornou um dos melhores tight ends do campeonato. Constantemente fustigado por lesões e placagens agressivas, foi perdendo fulgor mas nunca deixou de ser um apoio fundamental para Tom Brady. Despediu-se aos 29 anos no rescaldo da terceira Super Bowl conquistada.
O anúncio de fim da carreira de Rob Gronkowski não pode ser visto como surpreendente. É certo que chegar já no final de março pode trazer uma pitada de inesperado mas há muito que se falava da possibilidade de o fim estar próximo. Em fevereiro, depois da Super Bowl de Atlanta entre os New England Patriots e os Los Angeles Rams, o jogador confirmou que o futuro permanecia uma incógnita, mas que teria uma decisão dentro de uma ou duas semanas.
A situação não era nova e repetia a tendência do ano passado, também depois da Super Bowl. As notícias de uma eventual troca com os Detroit Lions ainda em 2018 também podem ter influenciado em parte a decisão de um jogador que chegou aos 29 anos com três títulos e mais, muitas mais, lesões.
O anúncio tardou mas chegou mesmo, sete semanas depois do último título. «Tudo começou com 20 anos no draft da NFL, quando o meu sonho se concretizou, e agora estou aqui, quase a fazer 30, com uma decisão que sinto ser a maior da minha vida até ao momento. Hoje vou retirar-me do futebol americano», começou por escrever num longo post do Instagram.
Rob Gronkowski parte depois para agradecer a oportunidade a Robert Kraft – proprietário dos Patriots – e Bill Belichick – treinador da equipa – e garante que só teve boas experiências dentro e fora do campo durante os últimos nove anos.
Ao longo das nove épocas em que jogou nos New England Patriots, passou por tudo. Venceu três finais, sofreu lesões que o deixaram sucessivamente limitado – ou mesmo de fora – durante largos meses, e viu o seu parceiro de luxo, Aaron Hernández, suicidar-se na prisão enquanto estava a ser julgado por um duplo homicídio.
Fora de campo, Gronkowski era conhecido pela sua mentalidade… adolescente, sempre preparado para a farra e sem limites na altura de festejar. Por inúmeras vezes fez referências jocosas ao número 69 e chegou a admitir que gostaria de se retirar com 69 touchdowns na carreira.
Falhou. Os números finais mostram 79 touchdowns, 521 receções e 7861 jardas de receção. Foi cinco vezes escolhido para o Pro Bowl, quatro vezes para a equipa All-Pro e em 2014 conquistou o troféu de Comeback Player of The Year.
Depois de jogar na Universidade do Arizona, acabou escolhido pelos Patriots na segunda ronda (42.º). O sucesso foi praticamente imediato e é esclarecedor que em nove temporadas tenha ido com a equipa a cinco Super Bowls: três ganhas (vs. Seawhawks, Falcons e Rams) e duas perdidas (Giants e Eagles).
«A nossa equipa era praticamente imbatível quando estavas em campo», dise Tom Brady numa declaração de despedida. Robert Kraft escreveu num comunicado que durante todo este período nunca viu o jogador ter «um mau dia». «Evidenciava sempre uma exuberância jovem e era uma alegria quando se estava perto dele», continuou.
Gronk, como passou a ser chamado, conquistou jogadores, treinadores e adeptos. A forma como festejava os seus touchdowns – atirando a bola violentamente ao chão, fazendo-a ressaltar largos metros -, como arrastava adversários que não o conseguiam parar atrás de si, ou como aparecia em momentos-chave quando a equipa mais precisava dele tornou-se uma imagem de marca e será recordada.
Bill Belichick pode ser um treinador sorumbático mas também não se coibiu no momento de elogiar o agora ex-jogador: «Vai deixar uma marca indelével na organização dos Patriots e no jogo enquanto um dos melhores e mais completos jogadores da sua posição».
O futuro dos New England Patriots será diferente sem Rob Gronkowski. A equipa perde a diversão, a tendência para os grandes momentos ofensivos e também uma excelente arma para bloquear adversários quando as opções de jogadas eram diferentes.
O futuro de Rob Gronkowski terá sempre a marca dos New England Patriots. Entrar no Hall of Fame será uma questão de tempo e poderá ser um dos poucos a conseguir fazê-lo à primeira depois de terminar a carreira antes de fazer 30 anos. Gronkowski era especial… e tem uma vida inteira pela frente.