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É Desporto

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12 de Outubro, 2018

Uma ode a Ronaldo, o Fenómeno

Rui Pedro Silva

Ronaldo festeja golo ao Compostela (com Guardiola ao fundo)

Uma imagem vale mais do que mil… emoções. Hoje, ao acordar, uma das primeiras coisas que vi na timeline do twitter foi imagens do golo de Ronaldo ao Compostela em 1996/97, marcado há exatamente 22 anos. O aspeto e a expressão de Ronaldo, o equipamento e o associar imediato daquele jogo ao momento da minha vida – e de muitos dos meus amigos – provocaram imediatamente um carrossel de emoções que está longe de ser inédito.

 

Ronaldo é um jogador de várias gerações mas terá marcado cada uma de forma diferente. Ronaldo era um jogador completo, Ronaldo foi mais do que um jogador. Quando o fenómeno brasileiro assinou pelo Barcelona, eu tinha onze anos. Eu, os meus amigos da escola e os meus colegas do futebol, olhavam para ele com espanto, boquiabertos, incrédulos com a forma como um jogador conseguia subjugar com tamanha facilidade, e velocidade, uma defesa inteira.

 

O Barcelona de 1996/1997 não foi campeão espanhol. Às vezes, é difícil olhar para trás e pensar nisso. Aquela equipa de Robson foi, à sua maneira, o que foi a Holanda de Cruijff. É certo que só durou um ano mas marcou o panorama do futebol mundial de forma esmagadora. 

 

Semana após semana, numa era em que a maioria da população em Portugal só tinha quatro canais, os jogos do Barcelona eram um evento próprio. Havia jogos em direto na TVI mas a memória que tenho é que o mais comum até era os jogos serem em diferido: o 8-0 ao Logroñés, por exemplo, foi de certeza e até me lembro do sítio onde estava quando o vi.

 

Ser em diferido não era um problema. E até já sabia o resultado. Os jogos do Barcelona eram como uma série de sucesso ou uma banda desenhada de culto. Sentávamo-nos em frente à televisão ansiosos para descobrir as aventuras que Ronaldo, sobretudo, e companhia nos tinham reservado para aquela tarde. Durante a semana, falávamos nele, recriávamos golos preferidos (o meu continua a ser o marcado ao Valencia no Camp Nou), e exultávamos sempre que o cromo saía durante a coleção da Liga Espanhola.

 

Ronaldo foi um jogador fantástico, não me canso de dizer, e di-lo-ei enquanto tiver memória, enquanto fotografias daquela época surgirem na timeline ou em qualquer outro lugar. Mas Ronaldo foi ainda mais do que um jogador fantástico: foi dois jogadores fantásticos. Depois de ter dominado o mundo naquela era franzina, regressou, após lesões, com uma forma completamente diferente mas igualmente letal, conquistando o título mais importante da sua carreira: o Mundial pelo Brasil em 2002.

 

Ronaldo foi especial. E poderia ter sido ainda mais.