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É Desporto

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06 de Novembro, 2018

Ir ver um jogo de basebol em Miami... porque sim

Rui Pedro Silva

O regresso a Miami, para o último fim-de-semana antes de voltar a casa, estava marcado para as quatro da tarde, mas o voo sofreu um ligeiro atraso. Depois disso, ainda aproveitámos a passagem pelo aeroporto para procurar um óculos escuros perdidos (ou roubados) mais de uma semana antes.

 

Resultado? Só já perto das seis da tarde nos instalámos no nosso hotel, na zona de Miami Beach. Por que é que isso é relevante? O jogo dos Marlins começava às sete e dez, e o estádio era do outro lado da cidade, a 15 quilómetros de onde estávamos.

 

Desde a manhã que ouvia o Rui a dizer "podíamos ir ver os Marlins... juntávamos mais um jogo à viagem..." mas não estava convencida. Ver que a ida até lá demorava uma hora de autocarro deixava-me ainda mais de pé atrás. Mas a verdade é que o sol começava a pôr-se, era sexta-feira à noite e não tínhamos planos. Acedi.

Marlins Park

Foi de Lyft que fizemos a viagem até ao Marlins Park. Falámos de futebol americano (apesar de parecermos mais conhecedores da coisa que o nosso interlocutor), de estádios desportivos, de Trump, de Cuba e de basebol (afinal, umas semanas antes o condutor tinha levado um jogador dos Marlins ao estádio sem se aperceber) durante a viagem e, em menos de nada, estávamos à porta.

 

Pela primeira vez, passei pela experiência de chegar a um jogo para o qual não tinha bilhetes. Ir até uma bilheteira nos Estados Unidos, onde é que já se viu?! E escolher os lugares ali com um mapa de papel, em vez de ver no ecrã do computador, ou do telemóvel, onde é que nos queríamos sentar.

 

O jogo era contra os Cincinnati Reds, uma equipa que também não estava - à semelhança dos Marlins - com um registo genial. Por isso o estádio estava pouco composto, os bilhetes eram baratos e os lugares a que tivemos direito bastante bons. Entrámos, direitos à banca que vendia hambúrgueres e cachorros e ainda estávamos em pé a servir-nos quando se ouviu o hino americano. Para nós, pessoas de chegar ao estádio quando as portas abrem, foi preciso poder de encaixe para sobreviver.

 

Comparado com o jogo a que tínhamos assistido no dia anterior, em Atlanta, pareceu que estávamos a ver tudo em câmara rápida. Strike atrás de strike, eliminação seguida de eliminação, tudo parecia avançar a um passo muito mais rápido do que é habitual no basebol. Os pontos, esses, é que nem vê-los. Aliás, tenho para mim que este jogo só não bateu um recorde de velocidade porque o nulo se manteve até ao nono inning, e foi preciso ir a prolongamento.

 

Foi no 10.º inning que os Marlins decidiram fazer o gosto aos espectadores e, apesar de não conseguirem o home run, fizeram o run que permitiu encerrar a partida logo ali. Nessa altura, até nos esquecemos do rapaz que passou o jogo inteiro a pontapear-nos as costas e gritar-nos ao ouvido, numa mistura de inglês e espanhol.

Vitória da equipa da casa

O regresso, de Uber partilhado, trouxe a maior surpresa da noite. Tivemos de esperar um pouco pelo nosso companheiro de viagem e, quando a conversa começou, seguiu os mesmos caminhos da viagem de ida. Explicámos a dimensão do nosso fanatismo por desporto, falámos da ida ao jogo de despedida de Kobe Bryant e, de repente, um desafio: «Bom, se foram ver esse jogo de despedida, também têm de vir ver o do Dwyane Wade». Rimo-nos, ainda antes de nos apercebermos o que vinha aí. «Tomem o meu cartão, trabalho para os Miami Heat e sou responsável pelos bilhetes de época. Se vieram, trato muito bem de vocês.» 

 

O dia seguinte foi de descanso, e passado na praia - apesar de esperarmos um mar azul turquesa e límpido (se calhar andámos a ver fotos das Bahamas, enganados), demos com um mar que parecia o da Costa da Caparica, mas a 29ºC. Não me estou a queixar. Acho que todas as férias deviam acabar assim: a ver peixes-espada em miniatura a passar ao pé das nossas pernas depois de vermos um jogo com peixes-espada de peluche pendurados em cada esquina.