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É Desporto

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29 de Maio, 2020

Florence Griffith-Joyner. A mulher mais rápida do mundo

Rui Pedro Silva

Florence Griffith-Joyner

Não teve uma carreira muito longa, mas essa também não era uma característica das suas corridas: tão curtas quanto possível. Norte-americana foi a vedeta do atletismo feminino nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, conquistando o título nos 100 metros, nos 200 metros e na estafeta dos 4x100 metros. Com recordes pelo meio.

Os resultados da carreira de Flo-Jo, como ficou conhecida, não mostram grandes feitos antes de 1988. Foi medalha de prata nos 200 metros em Los Angeles-1984 e conquistou duas medalhas nos Mundiais de Roma, em 1987, mas nunca mostrou ter uma verdadeira continuidade de resultados que fizessem dela uma das figuras do atletismo.

O ano de 1988 foi radicalmente diferente. Durante as qualificações dos Estados Unidos para os Jogos Olímpicos, correu os 100 metros em 10,49 segundos e estabeleceu um recorde mundial que ainda hoje perdura. Depois, na Coreia do Sul, foi uma verdadeira estrela, dentro e fora de pista.

Florence Griffith-Joyner, cunhada da estrela Jackie Joyner-Kersee, foi uma das primeiras sementes das velocistas que hoje se destacam pelos cabelos pintados, unhas espampanantes e outros adereços impressionantes. A atleta natural de Los Angeles, que chegou a Seul com 28 anos, cuidava da sua imagem ao mais pequeno pormenor e acabou por beneficiar muito com isso, com contratos de publicidade potenciados pelos seus resultados em pista.

E que resultados foram esses? O domínio absoluto em três provas. Nos 100 metros estabeleceu um novo recorde olímpico com uma marca de 10,54 segundos e deixou a compatriota Evelyn Ashford e a alemã de leste Heike Drechsler a três décimas. Nos 200 metros, quatro dias depois, conseguiu um feito ainda mais impressionante: bateu o recorde do mundo de Marita Koch na meia-final com 21,56 segundos e superou a sua própria marca na final com 21,34 segundos.

A partir daquele momento, no final de setembro de 1988, passou a deter os recordes mundiais das duas provas mais curtas do atletismo. Hoje, mais de trinta anos depois e vinte anos após a sua morte, Griffith-Joyner mantém-se no pedestal da velocidade mundial e os registos parecem inalcançáveis.

O desempenho de Flo-Jo, porém, só terminou no primeiro dia de outubro, quando integrou as estafetas dos Estados Unidos nos 4x100… e nos 4x400 metros, contribuindo para mais uma medalha de ouro e uma de prata.

A velocista decidiu terminar a carreira ainda no rescaldo de Seul e as vozes de dúvida ganharam força: será que Florence Griffith-Joyner corria de forma legal? Numa era em que os adeptos estavam escaldados depois do que acontecera com Ben Johnson, a incerteza cresceu, mas todos os testes feitos mostraram sempre resultados negativos.

Mesmo depois da sua morte, em 1998, um exame post mortem não conseguiu encontrar qualquer sinal de uso continuado de doping, garantindo a intocabilidade da sua imagem como a mulher mais rápida do mundo.