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É Desporto

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07 de Agosto, 2017

Ekaterini Stefanidi. Ela "avisou" que vinha para dominar

Rui Pedro Silva

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Grega ganhou prova do salto com vara em Londres e juntou título mundial ao olímpico e ao europeu. Stefanidi começou a bater recordes do mundo com onze anos mas nunca foi tão consistente como nos últimos meses. 

 

Um talento precoce cada vez mais sólido

 

Os pais de Ekaterini nunca tiveram grande sucesso mas praticaram atletismo quando eram novos. Um no triplo salto, outra na velocidade. Talvez não tenha sido uma questão genética, mas a jovem grega, nascida em 1990, entrou no novo milénio determinada a fazer história no atletismo. Escolheu o salto com vara.

 

As competições internacionais tornaram-se o novo habitat de Ekaterini Stefanidi. Bateu os recordes mundiais nos escalões de sub-11, sub-12, sub-13 e sub-14. Mais tarde, em 2005, com 15 anos, decidiu que estava na altura de dar um passo extra, sagrando-se campeã júnior em Marraquexe. No mesmo ano bateu o recorde mundial de sub-18, com 4,37 metros.

 

Tinha apenas 15 anos mas fez melhor do que 18 das atletas que participaram na prova de salto com vara no Mundial de Londres esta semana.

 

Foi nessa altura em que o talento tendeu para a estagnação. Nos Mundiais juniores seguintes foi prata em 2007 e bronze em 2008 e com marcas piores do que a que lhe tinha dado o título em 2005. Fosse como fosse, estava na elite mundial do seu escalão e recebeu uma bolsa de Stanford para competir pela conceituada universidade da Califórnia.

 

Domínio transversal

 

Ekaterini chegou a Londres no melhor momento da carreira. A desilusão do Mundial de Pequim – falhou apuramento para a final depois de não conseguir ultrapassar os 4,55 metros – foi facilmente superada com as medalhas de ouro nos Europeus de Amesterdão e nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

 

O novo ano, ainda assim, trouxe uma hegemonia mais vincada. Vencendo todas as sete provas ao ar livre em que participou, a grega licenciada em Psicologia Cognitiva surgiu em Londres mais forte, física e mentalmente, do que nunca.

 

Entrando no concurso aos 4,65 metros (marca que valeu as medalhas de bronze a Robeilys Peinado e Yarisley Silva), foi a única que conseguiu superar os 4,82. Com a medalha de ouro garantida e já com um salto fracassado aos 4,89 metros, a grega decidiu tentar a sorte aos 4,91 metros.

 

A escolha não foi ao acaso. A melhor marca da época era de 4,85 e o recorde grego era 4,86 mas a nova altura permitia superar-lhe o seu máximo, alcançado em pista coberta. Stefanidi superou-se e, logo à primeira, fez a festa, garantindo o 15.º melhor registo de sempre.

 

Os primeiros 14 são divididas entre Yelena Isinbayeva (onze), Sandi Morris (duas) e Jennifer Suhr (uma).

 

Até onde vai a confiança?

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A noite estava a correr tão bem que Stefanidi decidiu aumentar a fasquia para os 5,02 metros, que lhe valeria o novo recorde dos campeonatos (Isinbayeva saltou 5,01 metros em Helsínquia-2005, curiosamente o ano em que a grega tinha batido o recorde do mundo de sub-18).

 

Falhou as três tentativas. «Queríamos o recorde dos campeonatos. Melhorar o meu recorde já foi uma grande e conseguir dois recordes era muito para uma só noite. Até porque normalmente, assim que ganho, não volto a saltar», contou.

 

O mérito do domínio foi partilhado com o treinador… que também é o seu marido: «Acho que este resultado demonstra que o meu treinador é um génio e sabe mesmo o que está a fazer. Prepara-me física e mentalmente e estou a responder bem ao treino e à competição.»

 

Ekaterini Stefanidi estava tão satisfeita que confessou que desta vez nem sequer sentiu nervosismo durante a prova, optando por destacar a presença dos adeptos gregos e de Chipre nas bancadas. «O estádio estava cheio e o ambiente foi fantástico», disse.

RPS